A análise dos dados e o comportamento dos usuários

A inteligência dos dados, analisando diferentes padrões de comportamento, nos permitirá ver como o sistema educacional atual orienta os diferentes agentes (alunos, professores, escolas de ensino fundamental e médio, centros de formação profissional, graus médios e superiores, universidades, escolas de negócios, empresas e trabalhadores) a cumprir objetivos parciais que, do meu ponto de vista, não estão alinhados com o objetivo principal que deveríamos esperar do setor da educação: “Ajudar os alunos a desenvolver competências e valores éticos que os ajudem a garantir seu bem-estar físico, emocional e sua empregabilidade no futuro.”

Pode ser que essa “inteligência de dados” ao longo dos anos nos ajude a entender por que alguns ou muitos centros que aparentemente não têm fracasso escolar, ou aqueles em que uma alta porcentagem de seus alunos passam no vestibular sofrem altas taxas de abandono quando ingressam na universidade, ou mesmo sem sofrer nenhuma ou muito pouca taxa de abandono, a empregabilidade dos “excelentes alunos qualificados pelo sistema” carece de empregabilidade ou até mesmo aqueles que têm uma alta empregabilidade se sintam frustrados porque não são felizes.

Ou seja, podemos encontrar centros educativos com uma alta reputação pelo cumprimento de certos padrões (índices baixos de fracasso escolar, índices altos de aprovação nas PAU, índices baixos de taxa de abandono) cujos alunos não sejam felizes e estejam frustrados por terem decidido seguir um caminho que não se adequa aos seus interesses, às suas competências pessoais e, além disso, enfrentem muitas dificuldades para acessar o mercado de trabalho.

A importância da IA na orientação acadêmica e profissional

Com esta grande contribuição da IA, perceberemos a importância da orientação acadêmica e profissional no processo de ensino e aprendizagem. Este processo tem como objetivo que o aluno se “auto conheça” e que por si mesmo reconheça quais são seus pontos fortes (para potencializá-los), quais são seus pontos fracos (para mitigá-los) e que reconheça e interiorize quais são seus interesses na vida, e o que é que lhe apaixona.

Somente se este processo de autoconhecimento for realizado de forma amadurecida, o aluno obterá os critérios necessários para começar a decidir se deve cursar o ensino médio humanístico, social, tecnológico ou científico, e somente se durante esse processo ele acabar internalizando a importância de alinhar todas essas competências, valores e interesses com a empregabilidade, pois, em certa medida, a frustração futura ou a felicidade dependerá disso.

Portanto, a IA, além de tornar muito visível que determinados modelos ou centros educativos que aparentemente são "exemplares" no cumprimento de certas proporções, podem ser verdadeiros geradores de alunos infelizes e frustrados em fases adultas, ou então, certos centros (por exemplo, certos ciclos de grau médio e superior), muitas vezes invisíveis, podem ser geradores de pessoas felizes com um alto grau de empregabilidade.

A inteligência de dados vai evidenciar o impacto e relevância que tem o processo de orientação acadêmica e profissional, como um processo totalmente integrado e contínuo no processo de ensino e aprendizagem desde idades muito precoces e não a partir do quarto ano do ensino médio ou idades posteriores.

Devido à importância da orientação acadêmica e profissional, a IA, por exemplo, com essas tutorias virtuais personalizadas que pode nos oferecer, e baseando-se em padrões "bem-sucedidos" de outros alunos em termos de felicidade e empregabilidade, pode se tornar um mecanismo a ser avaliado para implementar e tornar mais eficiente esse processo, que, em qualquer caso, com inteligência artificial ou sem inteligência artificial, é um processo no qual devemos nos concentrar e melhorar.

Em definitiva, estou convencido de que a IA nos fará ver com base em dados, e portanto em evidências, que não estamos orientando de forma sistêmica os diferentes agentes da cadeia de valor do sistema educativo com indicadores coerentes para que os alunos de hoje, cidadãos e trabalhadores do futuro, sejam felizes, garantindo-lhes ao mesmo tempo o máximo percentual de empregabilidade possível.